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Filmes inspiradores que todo viajante deveria assistir!


Com certeza você já deve ter ouvido falar sobre a história de uma mulher que depois de duas desilusões amorosas, resolve viver um ano sabático e vai viajar.

Também o caso do menino de família rica que larga tudo e vai tentar se aventurar no Alasca.

Ou ainda daquele jovem, estudante de Medicina, que resolve conhecer uma parte da América Latina, se depara com a pobreza de alguns povoados e acaba virando um revolucinário.


Pois bem, aqui vou detalhar alguns filmes, fictícios ou baseados em fatos reais, que todo viajante deveria assistir, se inspirar para a próxima trip, aproveitar e conhecer um pouco mais de lugares que ainda não conheceu, ou que se conheceu, vai matar a saudade!


Mas já adianto que não pretendo fazer julgamentos ou críticas, mas apenas expor a lição que cada filme deixou como aprendizado pra mim, e assim possamos trocar experiências também, caso você, leitor, tenha assitido e queira fazer seu comentário.


Bora lá?! =)



 


INTO THE WILD (NATUREZA SELVAGEM)



Inspirado em uma história verídica, esse filme conta a história de Christopher McCandless, ou “Alexander Supertramp”, cuja obra é baseada no livro escrito pelo jornalista Jon Krakauer, lançado em 1996 e convertido em filme em 2008, produzido por Sean Penn.


O que pouca gente sabe é que Sean Penn levou 10 anos tentando convencer a família McCandless a conceder os direitos autorais para produção cinematográfica, e que ele só ganhou, porque segundo a irmã do Chris, Carine, percebeu que Sean tinha verdadeiro interesse em transpassar a sensibilidade dos sentimentos do seu irmão e em tudo que ele acreditava, diferente dos outros interessados que só queriam vender ingressos.


E por falar em sensibilidade, o que esse filme me passou?


Christopher, ou Alexander, como ele mesmo passou a se chamar, resolveu largar tudo e se aventurar em busca do contato com a natureza e a uma vida mais reclusa. Ele achava que a cidade, as pessoas e suas ambições, eram totalmente tóxicas. Isso, às vezes, retrata muitos de nós, viajantes, quando decidimos sair por esse mundo a fora e se desprender dos estereótipos da sociedade.


Porém, o que mais me chamou atenção no caso dele foi que no final de tudo, ele percebeu que toda aquela experiência de viver ali, em meio ao contato selvagem com a natureza, seu êxtase, acabou por ser momentâneo.


Ele também possuía uma ambição, uma soberba e arrogância, atitudes tão criticadas por ele, mas que são perceptíveis quando ele não se prepara para viver no Alaska, queima seu dinheiro achando que não precisa do "capital" e pode viver de forma "natural", quando ele coloca sua vontade de ir ao Alaska, mas no entanto não tem nem equipamento adequado pra isso, sendo suprido pela ajuda de outras pessoas que, ao meu ver, ajudaram mais por pena da sua loucura do que por incentivo.


Perceba, Chris era de família rica e após se formar, tinha tudo para traçar uma carreira no mundo corporativo, mas o confronto com valores estabelecidos e código moral, visualizados através da personalidade do seu pai, com quem ele não tinha muita afinidade, segundo retratado no filme, levam-no a criar uma nova identidade (por isso a mudança de nome) e assim romper totalmente seus vínculos com uma sociedade materialista e competitiva, incluindo sua própria família.


Confesso que esse filme mexeu muito comigo, e a lição que ele me deixou vem da célebre frase, que ficou conhecida no mundo inteiro: "Felicidade só é real quando compartilhada", o que não nos deixa dúvidas de que Chris, no final das contas, entendeu que pessoas precisam de pessoas, e o equilíbrio é importante em todos os lados.


Foto original de Christopher McCandlles, encontrada em sua câmera.


 

DIÁRIO DE MOTOCICLETA



Antes de Ernesto Che Guevara sair estampando camisetas por aí como revolucionário, saiba que ele era um jovem argentino de Rosário, sofria de asma, filho de um professor renomado de Direito e sua mãe oriunda de uma família aristocrática, estudante de Medicina e que gostava de aventuras, digamos, pouco convencionais.


Quando estava no terceiro ano de Medicina, saiu por 6 semanas, a desbravar sozinho, boa parte do norte da Argentina. Mas foi em Fevereiro de 1952, que junto com seu amigo Alberto Granado, e a bordo da “La Poderosa”, uma Norton de 500 cilindradas de propriedade de Alberto, que saem para percorrer, numa viagem que duraria 6 meses, alguns países da América Latina, passando pelo sul da Argentina, Chile, Bolívia, Peru, Colômbia e Venezuela.


As imagens são um prato cheio para qualquer mochileiro que pretende se aventurar nessa rota latina. Se você pensa em cair na estrada pra conhecer essa região, então esse filme precisa estar na sua lista.


Creio que seja a partir desse encontro com o lado "pobre" que em Ernesto começa a se formar o sentimento pelos mais vulneráveis. Principalmente quando eles passam um tempo em um leprosário, em San Pueblo, no Peru. As enormes contradições sociais da América Latina reforçaram seu ideal socialista.



O filme, mais do que belas paisagens, mostra o lado humano e como uma viagem de aventura pode se transformar em uma ressignificação na vida de uma pessoa. E viagem tem disso, tem gente que viaja pra tirar férias e descansar com alguém ou com família, mas também tem quem, numa viagem que deveria ser como qualquer outra, acaba se deparando com uma realidade da qual se torna sua missão e lhe traz alguma direção de sentido existencial.


Ernesto retornou a Buenos Aires e terminou sua faculdade de Medicina, mas depois disso começou a lutar por reformas socialistas ao lado dos irmãos Fidel e Raul Castro (Cuba), Congo, África (1965) e depois Bolívia, sendo morto em 1967 e seus restos mortais só foram encontrados 30 anos depois em uma vala comum, na cidade de Vallgrande. Hoje se encontram no Mausoléu Guevara, em Santa Clara na província de Villa Clara, Cuba.


Interessante que ele mantinha realmente um diário onde anotava tudo o que lhe era importante retratar. Eu particularmente, não tenho um diário de viagem, a não ser pelo blog, mas sempre que viajo, mantenho na verdade, um diário de despesas diárias (hehehe).


Quer mochilar fazendo a mesma rota desse road movie? Confere os lugares pelos quais eles passaram:


Argentina - Buenos Aires, Miramar, Bariloche, Piedra del Águila, San Martin de Los Andes e Lago Frias

Chile - Temuco, Los Angeles, Valparaiso e Antofagasta

Peru - Tarata, Titicaca, Cuzco, Aguas Calientes, Machu Picchu, Lima, Pucallpa e San Pablo.

Colômbia - Leticia e Bogotá

Venezuela - Caracas



 

TRANSPATAGÔNIA (Pumas não comem ciclistas)



E já que estamos falando de fatos reais e América Latina, recentemente me deparei com esse documentário sobre um brasileiro chamado Guilherme Cavallari, que decide percorrer a Patagônia, de bicicleta, numa aventura solo que durou 6 meses.


Pra quem é amante do trekking e ciclismo, vai se encantar com esse enredo. Além do que, o filme é muito inspirador sobre as questões da vida, nossas escolhas, valorizar momentos simples tão banalizados no dia-a-dia mas que são únicos, como uma parte em que ele desfruta sozinho, no meio do deserto, o sol de pondo de um lado e a lua nascendo do outro. Incrível!!!


O filme não segue uma ordem cronológica, alternando entre as falas do Guilherme no tempo presente, imagens que ele mesmo fez com sua gopro e alguns depoimentos. Trazendo dinamismo e leveza ao documentário. Assim ele vai contando sobre essa experiência transformadora, sobre as pessoas que encontrou pelo caminho, alguns viajantes também, e como isso mudou sua visão sobre a vida.


Aqui vai um trechinho:




 

WILD (LIVRE)



O filme estrelado pela atriz Reese Whisterspoon, também baseado em fatos reais e retirado do livro autobiográfico homonônimo de Cheryl Strayed , conta sobre sua jornada, com objetivo de encarar seus conflitos internos, ao resolver percorrer a trilha do PCT (Pacific Crest Trail), que mistura aventura outdoor e exige um grande esforço de peregrinação. Eu diria que mais mental do que físico.


A trilha começa no sul do estado da Califórnia, mais precisamente no Deserto de Mojave, percorrendo uma distância de 4.265km, passando por Oregon, Washington até chegar no Canadá, exigindo em torno de 90 dias para que se possa completá-la.


Strayed passou por vários problemas pessoais até que, com a morte da sua mãe, ela inicia um período negro em sua vida, onde se envolve com drogas, infidelidade e prosmicuidade (ela era casada), e vários desvios de comportamento que por fim, decide dar um rumo em sua vida.


Para isso ela toma a decisão de fazer algo radical, e ao se deparar com um livro sobre a trilha numa loja de conveniência. Sem experiência alguma em esportes radicais ou trekking, ela embarca nessa experiência e passa por alguns perrengues como se ver sozinha na floresta, na iminência de um cara poder estrupá-la.


O roteiro é pontuado de flashbacks de sua vida, trazendo à tona seus momentos ruins e bons, fazendo com que ela reflita sobre muitas questões e trabalhe sua personalidade e eu interior. Diferente do filme "Na natureza Selvagem", aqui o diretor procurou focar mais nesses conflitos internos do que na grandeza da natureza x limitação humana.


Essa evidência encontramos na mochila que ela carrega, já que o filme começa com um "monstro" nas costas, devido sua inesperiência, e quando chega ao final do filme podemos perceber o quanto diminuiu, fazendo uma alusão sobre o despego ao material e sentimentos que a torturavam.


Um filme muito interessante não só pra nós mulheres (e também trilheiras), mas para todo aquele que busca um encontro consigo mesmo e autoconhecimento. A sensibilidade de nos mostrar que pequenos elementos, como uma simples música cantada por um menininho, pode fazer florescer em nós máculas guardadas e que precisamos tratar.


Cheryl, na vida real.

Sobre a trilha, as paisagens são realmente espetaculares e eu até coloquei na minha "travel list", mas nunca para fazer sozinha hehehehe. Um dos seus maiores desafios é a variação de temperatura e altitude, onde o bicho pega mesmo.

O trecho inclui montanhas, desertos, lagos e vulcões e passa por mais de 25 florestas e 7 parques nacionais, entre eles o Parque Nacional da Sequoia e o Tuolumne Meadows, em Yosemite.


Se você se interessa em saber mais sobre esse trekking, clica aqui.



 

THE WAY (O CAMINHO DE SANTIAGO)



Confesso que pensei que esse filme seria bem daqueles meio clichês (e não deixa de ser, na verdade), devido a sinopse ser apontada para o lado dramático com toques cômicos, onde o personagem Thomas Avery (Martin Sheen), um oftamologista cuja relação com o filho é distante, se vê indo às pressas à França para reconhecer o corpo do filho que tentou fazer o caminho e morre no primeiro dia.


Calma, não é spoiler...afinal essa parte não é o clímax do filme.


Apesar do caminho de Santiago de Compostela ter sido criado com o objetivo religioso, atualmente ele produz uma espécie de tratamento psicológico e emocional nos peregrinos que decidem partir rumo a esse tipo de experiência.

Aliás, só o contato com a natureza já produz isso, imagina uma peregrinação.


Diferente da trilha do PCT, no caminho de Santiago é possível ver mais gente fazendo a rota, ver mais sinalizações e pousadas abertas especialmente para os caminhantes. Ao começar a trilha você recebe uma identificação e isso lhe dá descontos nesses lugares.

Mas falo sobre esses detalhes lá na frente e vamos ao filme, né?


Como seu filho não conseguiu completar a trilha, quer dizer, mal começou de fato a fazê-la, Thomas, o personagem, resolve enfrentá-la, levando consigo as cinzas do seu filho, no intuito de honrar sua memória. Mal sabe ele que, não a faria sozinho. No percurso ele conhece mais três pessoas que, aos poucos vão se juntando e formando uma espécie de amizade, percorrendo juntos o mesmo caminho.


Cada um com seus dilemas, traumas e até promessas, vivenciando o desafio de se permitir ser transformado pela peregrinação, nos faz viajar não só por esses conflitos de maneira leve, mas também contemplar algumas paisagens por lugares icônicos, como a "Cruz de Hiero" e a Serra dos Pirineus, com sua exuberante cadeia de montanhas entre França e Espanha.


O filme fez o Caminho Francês, considerada a mais estruturada e popular, concentrando em torno de 70% dos peregrinos que fazem a rota. O início clássico é em Saint-Jean-Pied-de-Port (França), mas tem outro alternativo por Roncesvalles (Espanha). São quase 800 km até Santiago de Compostela, que podem ser percorridos em pouco mais de 30 dias.


Ao longo do filme, mesmo ligeiramente clichê e com uma qualidade londe de ser cinematográfica, você consegue se emocionar com lugares e situações vividas pelos personagens. E até acendeu em mim uma chamazinha pra fazer esse percurso. Quem sabe um dia?


O final é previsível, mas nos leva a refletir como, algumas situações ruins precisam (não necessariamente) acontecer em nossa vida para que possamos ter uma visão e uma atitude melhor sobre dar sentido e importância ao que temos. Nada é para sempre, nem as pessoas...então desfrute enquanto se pode.



 

E então, gostou das dicas?

Já assistiu a algum filme desses e deseja compartilhar sua visão também?


Deixa um comentário =)


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