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  • Writer's pictureGina Fróes

Madres de la Plaza de Mayo


Foto: Research Gate

Trago aqui a história por trás de um dos pontos turísticos mais visitados de Buenos Aires, a Plaza de Mayo, a mais antiga da cidade! Muitas pessoas que visitam o local, nem sabem o quanto esse lugar é emblemático na cultura argentina, palco dos acontecimentos políticos mais importantes do país, figurando um sentido de luta e resiliência, ao longo dos tempos.


Inclusive, seu nome veio da homenagem a Revolução de Maio, de 1810, que ocorreu nesta mesma praça e deu início ao processo de Independência Argentina. E desde então, ao seu redor foi se formando a cidade portenha que é hoje, se convertendo no centro político do país, estando inserida nela a Casa Rosada, ou Casa do Governo, como também é conhecida.


Mas nesse post, quero falar sobre um dos temas que mais me toca na história argentina: sobre as Madres e Abuelas de la Plaza de Mayo, movimento que denuncia até hoje as barbáries cometidas na época da ditadura argentina, de 1976 a 1983.


Foto: madresdemayo

Durante essa época, em busca de resposta pelo desaparecimento dos seus filhos e filhas, em um simples dia de abril de 1977, 14 mães se reuniram diante do governo (Casa Rosada) iniciando a partir daí uma luta que segue até até os dias atuais. Como o país estava em estado de sítio, era proibida a reunião de três ou mais pessoas.


Mesmo sob ameaças da polícia, com lenços brancos nas cabeças, feitos com tecidos de fraldas de bebês, como forma de representar seus filhos, e também se reconhecerem entre elas, elas acataram as ordens, mas se juntaram em duplas e de braços dados, começaram a circular pelo monumento central da praça, a Pirâmide de Mayo.


Esse retrato da dor acabou se tornando um símbolo pintado na própria praça!


Muitos jovens foram sequestrados na época da ditadura, inclusive crianças com seus pais e meninas grávidas que geraram filhos em centro de detenção clandestinos e cativeiros.

Essas crianças nunca foram devolvidas as suas verdadeiras famílias, mas registradas como filhos próprios por membros das forças de repressão, deixados em qualquer lugar, vendidos ou abandonados em instituições como seres sem nome!


Mas também, a partir dessa luta, muitos "niños y niñas" foram encontrados, e por outro lado, muitas mães e avós morreram sem nunca conhecê-los.


Mulheres fundadoras dessa causa que merecem nosso mais digno respeito e memória: Esther Ballestrino, Azucena Villaflor e María Bianca de Ponce.


Esther era uma paraguaia que se refugiou na Argentina em 1947. Entre seus amigos mais próximos, estava Jorge Mário Bergoglio, hoje conhecido como Papa Francisco. Este, ao se encontrar com as filhas de Esther, anos depois, lhes disse "Sua mãe me ensinou a pensar".


Ela havia sofrido com o desaparecimento de sua filha Ana María, razão pela qual a levou a se juntar com as outras "madres". Meses depois do sequestro, Ana María foi encontrada viva. Esther, então, junto com suas três filhas, refugiou-se no Brasil e, mais tarde, na Suécia.


Porém, ela não conseguiu resistir e, meses depois volta para Argentina para se juntar as madres e seguir no movimento, mesmo correndo risco de vida.


Entre 8 e 10 de dezembro de 1977, as forças comandadas por Astiz, um oficial do governo, infiltrado com o propósito de entender como funcionava o movimento e descobrir quem estava por trás do mesmo, acabaram sequestrando 12 pessoas, incluindo Esther Ballestrino, Azucena Villaflor e María Bianca de Ponce.


Elas foram presas, torturadas por 10 dias e atiradas vivas de um avião (coisa comum na ditadura naquela época), no litoral de Santa Teresita e Mar del Tuyu.


Em 2017, Astiz, ele foi condenado à prisão perpétua pelos crimes que cometeu na ditadura e declarou: “Nunca vou pedir perdão”.




Portanto, se você visitar a Plaza de Mayo e Casa Rosada, saiba que é muito mais que um ponto turístico... Ali existe uma história de dor e acima de tudo uma luta de "madres y abuelas", guerreiras, que encararam o medo da política do terror na busca por resgatar suas famílias, suas histórias, suas identidades e a vida mais importante, a dos seus filhos e netos!


A marcha acontece até hoje, todas as quintas, às 15h30.


Quer saber mais da história?



 

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